Escrever torna tudo constante...



 Saudade, amor, amizade, paixão, ódio, culpa, raiva, felicidade, tristeza, solidariedade, ciúme...

 Sentimentos destroçados, retalhados, remexidos em tantos textos, poemas, músicas... Alguns que merecem serem lidos, relidos, e compartilhados. Outros nem tanto e até as chamas de um fogo são o merecido para consumir palavras mal combinadas. Há uns que são profundos como um abraço apertado, outros tão rasos quanto uma gota de orvalho comparada ao mar.

 Mas sempre são diferentes em essência. Quem escreve imprime o que sente, ou o que finge sentir... Há quem escreva pelo valor de ter aquilo eternizado, outros pelo preço de palavras publicadas. Mas não importa quantas, nem o tamanho e formato da letra, nunca basta. Nem que eu me dedique a escrever 1001 textos sobre o ‘amor’, todos eles depois da primeira frase tomariam rumos diferentes, despertariam sentimentos diferentes, ideias que mudam a cada vírgula... E quando você pingar o ponto final e descobrir que não é mais aquilo? Que pensando bem, agora o amor se trata de outra coisa, guarda outros significados.

 Seus olhos deslizam pelas palavras escritas, e o que você escreveu te emociona. Você descobre que é exatamente aquilo e que só descobriu quando começou a rabiscar. 15 anos acreditando em algo, e de repente ser vítima das próprias palavras... Essa frustação se torna algo quente e úmido que pinga da sua face e desliza traçando um caminho borrado, invadindo suas palavras. E num ato desesperado de afugenta-las, intrometidas, seus dedos ansiosos transformam as lágrimas num enorme estorvo. Lágrimas que fazem de um ponto, uma virgula... Do amor, ódio... Da paixão, tristeza... Lágrimas que distorcem os significados se suas palavras. Lágrimas, que fora das páginas não causam, mas são a consequência de tanto sentimento ruim. E você, tentando recupera-las, regenera-las, palavras já atrofiadas acaba as recriando... Se conforma que não vai adiantar piscar para afugenta-las, elas marcaram permanentemente suas páginas e distorceram suas palavras, e não vão mais se focar... Então tudo muda.

 Por que “palavras” é o modo mais errôneo de tentar desvendar seus sentimentos, e pior ainda, tentar expressa-los para alguém totalmente alheio a eles.

E talvez você tenha que admitir: Sentimentos são indomáveis. Por que você os aprisiona em palavras, marcados em páginas. Não significa que tudo se resolveu, e que aquilo, se tornou aquilo. O amor pode ser lindo e maravilhoso, então o descreva, amanhã você pode repudia-lo e já escrever ideias totalmente contrárias.

Escrever torna tudo constante.

O que você escreveu hoje está marcado para provar que mudou sobre o que estará escrito amanhã, ou foi escrito há duas noites.

 O que você escreve, está eternizando e aprisionando algumas das faces do que sentiu... Ou sente. Ou sentirá.

 Escrevendo eu me liberto, mas aprisiono o que sinto.

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